A tua revista Audácia de setembro é uma agenda escolar atraente e rica de sabedoria, porque apresenta uma colecão de contos africanos.
O primeiro é "A História do Lobo Bom".
Desde o nascimento, Mwito vivia com uma professora chamada Herufi Anga. E é com base no que sucedeu naquele dia que vos conto agora.
Numa tarde muito quente, a professora Herufi Anga saiu para passear pela montanha e ouviu o uivo de uma loba: «Auuu, auuu!» Parou e o seu coração começou a tremer como um fantasma assustado.
«São lobos», pensou.
«E devem estar com fome», refletiu. «Ai de mim!», concluiu. «É melhor correr», decidiu. «Pernas, para que te quero?!», resolveu. E correu, tropeçou, arranhou uma perna e suou bastante.
Ao passar pela toca dos lobos, a professora viu uma loba castanha sair com um filhote recém-nascido. Ela levava-o na boca, balançando. Ela parou diante de Herufi Anga. Pousou o seu filhote no chão e, fixando o seu olhar faminto e sedento na professora, disse-lhe, apontando para o seu filhote:
– Não tenha medo, não trema, não fuja. Não vou fazer-lhe mal. O meu nome é Huba Buluu. Todos me conhecem como Amor Azul.
Depois disse, apontando para o recém-nascido:
– Acabou de nascer, senhora humana. Ele uiva sem parar, senhora humana. Está com fome, muita fome, e o seu choro comove-me. Mas não posso amamentá-lo. Os meus peitos estão secos. Estou muito mal. Uns caçadores dispararam contra mim e feriram-me no lado.
E acrescentou com tristeza:
– Vou morrer, senhora. Peço-lhe que leve o meu filhote consigo e cuide dele como se fosse seu filho. Fará isso? Que Deus a recompense, senhora.
Nesse instante, duas lágrimas brotaram do coração da professora. Ela estava emocionada. E disse à jovem mãe:
– Vocês dois podem vir para a minha casa. Eu cuidarei de vocês e nunca lhes faltará comida. E vou curar as tuas feridas com folhas de manjericão.
– Obrigada, muito obrigada – respondeu, agradecida, a loba parda.
Herufi Anga pegou o filhote de lobo nos braços e beijou-o. Depois, ajoelhou-se no chão para que a mãe loba lhe subisse para os ombros, pois mal conseguia dar um passo sem tropeçar e cair de cara no chão.
– Obrigada, senhora humana.
– De nada, senhora loba cinzenta.
Assim, seguiram o caminho até à casa ao lado da escola. Uma vez lá, a mulher disse-lhes:
– Vamos, comam! Devem estar com fome.
– Sim, muita fome – respondeu a loba. – Estamos há vários dias sem comer nada, quase desde que ele nasceu. Os nossos estômagos rugem como leões. E o meu filhote precisa de leite. Ele está muito desnutrido e pode desmaiar. Temo pela vida dele.
A mulher tirou uma garrafa de leite do frigorífico. Aqueceu-a no micro-ondas e, em seguida, verteu o líquido lácteo numa panela de barro. Também serviu muitos biscoitos e pão.
– Podem comer até ficarem satisfeitos – disse carinhosamente.
E a mãe e o filho comeram e comeram. Pouco depois, deitaram-se no chão e adormeceram profundamente. Estavam muito cansados.
Quando o galo Kiroko cantou, a mãe loba acordou, foi até Herufi Anga e disse:
– Tenho de ir. Sou mãe de outros três filhotes recém-nascidos que precisam de mim. Um deles nasceu cego. Eles não podem ficar sozinhos. Há predadores que podem comê-los. Cuide do meu filho, por favor. Eu virei vê-lo de vez em quando, senhora.
– Não se preocupe. Eu cuidarei dele – respondeu a professora.
E aquele filhote de lobo ficou a viver com a senhora Herufi Anga. A mulher cuidava dele como se fosse seu filho: ensinava-o a ser bom e educado, alimentava-o muito bem e as crianças da escola brincavam no pátio com o animal da floresta.
Um dia, a professora levou o lobo para ver um rebanho de ovelhas que pastava no prado. Quando as ovelhas viram o terrível lobinho, fugiram apavoradas; sabiam que era um lobo e que poderia fazer-lhes mal. O pastor já lhes tinha contado a história da Capuchinho Vermelho.
Mwitu Haluwa uivava cada vez mais forte, com o coração transbordando de alegria:
– Auuuu! Auuuu!
– Méééééé, mééééé! – repetiam as ovelhas, assustadas.
A professora (que falava a língua das ovelhas) deteve o rebanho e disse-lhes:
– Não tenham medo. O lobo gosta de vocês e só quer brincar convosco. Não é verdade, meu lobinho?
E Mwitu Haluwa repetia com lágrimas de alegria:
– Auuuu, auuuu, sim, sim.
– Mééééé, sim, sim – balavam as ovelhas, felizes.
Desde aquele dia, o lobo Mwitu brincava com as ovelhas e convencia os outros lobos da matilha (muitos dos quais eram seus irmãos) a não as assustarem. Em agradecimento, todo o rebanho lhes dava leite e o pastor oferecia-lhes queijos.
Viviam todos felizes. E a mais feliz era a professora Herufi Anga.
Porque será?
Pensa um pouco e depois dizes-me.
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