Brasil: caminhar com os povos amazónicos

Brasil: caminhar com os povos amazónicos

09/06/2022

Momento do IV Encontro da Igreja Católica na Amazónia Legal. Na mesa encontram-se quatro dos bispos da Amazónia, entre eles Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e que, recentemente, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco

Realiza-se entre os dias 6 e 9 de Junho, o IV Encontro da Igreja Católica na Amazónia Legal, evento que tem como objectivo celebrar e fazer memória do Documento de Santarém, o qual há 50 anos (1972), traçou as linhas pastorais importantes para a missão da Igreja na Amazónia: a encarnação na realidade e a evangelização libertadora, ajudando a Igreja a assumir os novos caminhos do Concílio Vaticano II e que foram adaptados ao contexto latino-americano na Conferência do Episcopado em Medellín em 1968.

O encontro, que ocorre no mesmo local que recebeu os representantes das Igrejas locais amazónicas em 1972, além de recordar as linhas pastorais traçadas para a missão da Igreja na Amazónia, também se debruça sobre os desafios actuais para a evangelização e a aplicação das indicações do Sínodo para a Amazónia, realizado em 2018. Participam 100 pessoas, entre cardeais, bispos, presbíteros, membros da vida religiosa, cristãos leigos e leigas, dentre eles entre representantes dos povos indígenas e de comunidades tradicionais.

De acordo com o arcebispo de Cuiabá (MT) e segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), D. Mário Antônio da Silva, «com esta celebração a Igreja Católica pretende assumir o compromisso de caminhar juntos, de ser Igreja sinodal, e responder aos desafios de hoje como pastores próximos do rebanho e interpelados pelas periferias existenciais e geográficas».

O Papa Francisco enviou uma carta aos participantes motivando-os a serem «corajosos e audaciosos, abrindo-se confiadamente à acção de Deus». O papa lembra que o Documento de Santarém «propôs linhas de evangelização que marcaram a acção missionária das comunidades amazónicas e que auxiliaram na formação de uma sólida consciência eclesial. As intuições daquele encontro serviram também para iluminar as reflexões dos padres sinodais, no recente Sínodo para a região Pan-Amazónica, como recordei na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazónia, ao descrevê-lo como uma das “expressões privilegiadas” do caminhar da Igreja com os povos da Amazónia (cf. QA, 61».

Francisco menciona, ainda, o «empenho das Igrejas Particulares da Amazónia Brasileira, por meio de suas comunidades, em levar adiante as indicações da última Assembleia Sinodal, testemunhando ao mesmo tempo, pela já enraizada e bela tradição dos encontros das Igrejas Locais, a vivência da sinodalidade – como expressão de comunhão, participação e missão – à qual toda a Igreja é chamada».