Filipinas: cuidar a Casa Comum

Filipinas: cuidar a Casa Comum

02/02/2022

A Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCF) observa que muitas nações particularmente vulneráveis às alterações climáticas viram «intensificar-se os desastres devido à instabilidade da nossa biosfera» (Foto: © 123RF)

Os bispos das Filipinas apelam «à unidade e acção» face à emergência climática e crise planetária, numa Declaração Pastoral sobre ecologia em que reafirmam o compromisso de «liderar pelo exemplo» o uso de energia renovável e outros sistemas sustentáveis.

A organização dos bispos publicou uma declaração pastoral sobre ecologia que tem por tema «Um apelo à unidade e acção em meio a uma emergência climática e crise planetária», divulgada a 29 de Janeiro, após a assembleia plenária realizada em modalidade virtual.

Depois de assinalar que a covid-19 causou mais de 5,62 milhões de mortes em todo o mundo e mergulhou as nações na devastação económica, os bispos declaram: «Enquanto nos esforçamos por recuperar desta crise, a pausa imposta pela pandemia à actividade industrial e económica encoraja-nos a reflectir sobre as décadas de práticas poluentes que a nossa Casa Comum teve de sofrer às mãos da humanidade, práticas que as nações de todo o mundo estão a regressar rapidamente».

O texto da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCF) observa que muitas nações particularmente vulneráveis às alterações climáticas viram «intensificar-se os desastres devido à instabilidade da nossa biosfera». «As Filipinas, por exemplo, foram atingidas por múltiplas tempestades tropicais, algumas declaradas as mais mortíferas do mundo entre 2013 e 2021», diz o documento, assinado pelo presidente da Conferência, D. Pablo Virgilio David.

Os bispos afirmam que as medidas e políticas propostas para enfrentar o impacto desta crise devem sempre colocar, em primeiro lugar, a justiça social e ecológica. «Como uma das nações mais vulneráveis nesta era de emergência global, as Filipinas têm o imperativo moral de procurar o caminho de desenvolvimento mais sustentável possível para o bem das gerações actuais e futuras, garantindo que as vozes de todos sejam levadas em conta», assinala a declaração.

Comprometendo-se a ser portadores de esperança face à crise ecológica, os prelados afirmam: «Comprometemo-nos a integrar o cuidado pela criação como nossa Casa Comum no nosso ensino e prática do discipulado cristão através de acções concretas», apelando aos fiéis católicos das 86 dioceses das Filipinas a tomar medidas para cuidar do ambiente.

Os bispos filipinos comprometem-se, igualmente, a retirar os activos da Igreja local de instituições financeiras e corporações que participem em «actividades ecologicamente prejudiciais», até 2025.

Neste contexto, os bispos pedem às instituições da Igreja que não permitam que os seus recursos financeiros sejam investidos em centrais eléctricas a carvão, mineradoras e outros projectos extractivistas que «destroem o meio ambiente e afectam as comunidades locais».

«É inaceitável que as finanças tão generosamente oferecidas sejam usadas para essas indústrias. Os recursos financeiros devem ser usados exclusivamente para o bem comum, integridade da criação e glória do nosso Criador», desenvolvem, pedindo às organizações que também recusem doações das indústrias ambientalmente destrutivas.

A conferência episcopal refere que quer «liderar pelo exemplo» a promoção do uso de energias renováveis, sistemas sustentáveis e «acções ecológicas concretas no cuidado da Casa Comum», como solicitado pela COP 26, realizada de 1 a 12 de Novembro de 2021, na cidade escocesa de Glasgow.

Os bispos das Filipinas comprometeram-se a continuar a impulsionar a implementação do seu ‘Programa Nacional Laudato Si’, em todas as comunidades eclesiais, e institucionalizaram a celebração anual do ‘Tempo da Criação’, no Outono, e a ‘Semana Laudato Si’.