Uganda: reabertura das escolas

Uganda: reabertura das escolas

01/02/2022

Crianças numa escola do Uganda (Foto: 123RF)

No Uganda, mais de 20 meses após o encerramento imposto pela pandemia de covid-19, as escolas abriram novamente. A Irmã Teresa Sagal, religiosa da Congregação das Irmãs Evangelizadoras de Maria, fala da alegria desta reabertura. «Nos últimos dois anos, para além das medidas governamentais, que não chegaram a todos, especialmente nas escolas rurais, houve projectos de apoio à educação financiados a partir do estrangeiro. Muitos voluntários tentaram alcançar as áreas mais remotas, distribuindo fotocópias e folhas didácticas. Muitos professores também perderam os seus empregos. Ver os alunos nas escolas novamente, vê-los a rir, a brincar, é uma alegria».

A Irmã Teresa é a coordenadora do departamento de educação da diocese de Moroto, uma cidade do nordeste do país: «Quando o Presidente Museveni anunciou a reabertura das escolas nas últimas semanas – conta numa entrevista a Fides – muitas famílias apressaram-se a matricular os seus filhos por receio de que as escolas ficassem sem vagas».

De acordo com dados oficiais, cerca de 30% das escolas não poderão reabrir «porque as condições básicas de segurança sanitária não estão reunidas – prossegue a missionária – ao que se deve acrescentar o fosso social presente no país, que nesta situação mostrou ainda mais os seus efeitos trágicos». O ensino virtual e usando os meios de comunicação aumentou o fosso de desigualdade, uma vez que apenas 32% das famílias têm rádio e somente 19% têm televisão. «Muitos voluntários foram de aldeia em aldeia para distribuir fotocópias e materiais didácticos, mas um grande número de estudantes foi completamente deixado de fora do sistema educativo durante mais de dois anos».

No Uganda, apenas 40% das crianças estão alfabetizadas no final da escola primária, e há mais de 500 mil crianças refugiadas. «Desde que as escolas foram fechadas – explica a Ir. Teresa – muitas crianças caíram na armadilha do trabalho infantil. Além disso, houve também um aumento significativo de gravidez nas adolescentes e casamentos precoces no último ano. As directrizes governamentais exigem que as raparigas grávidas não devem ir à escola até ao sexto mês de gravidez». «Por esta razão –salienta – muitas raparigas têm muita dificuldade em regressar à escola e na maioria dos casos, cerca de 59 por cento, desistem.

As Irmãs Evangelizadoras de Maria trabalham para erradicar a pobreza entre as crianças vulneráveis através da educação, visando o crescimento integral dos menores: «Esperamos que se invista na escola para trazer melhorias – conclui a Irmã Teresa Sagal – porque o grande número de crianças que necessitam de educação é uma questão crucial para o futuro do país».