Síria: pobreza aumenta

Síria: pobreza aumenta

11/01/2022

A religiosa portuguesa Maria Lúcia Ferreira, que vive no Mosteiro sírio de São Tiago Mutilado, alerta que as pessoas «estão cada vez mais tristes, sem esperança», porque não se vê o fim de um conflito que começou em 2011. E comenta que a situação actual «é muito mais difícil do que na altura em que as bombas nos caíam em cima, em que estávamos até em risco de morrer ou de ficar feridos: É a luta de cada dia para se saber o que comer, o futuro, os jovens que não veem esperança», desenvolveu.

«Os custos dos bens quotidianos, que cada família necessita, são cada vez maiores, os preços aumentam cada vez mais, o pão vai-se tornando, a pouco e pouco, mais escasso, as fontes de energia estão cada vez mais caras e há coisas que já quase não se encontram no país», especifica a religiosa portuguesa ao secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Maria Lúcia Ferreira assinala que «a pobreza está a agravar-se bastante» e cada vez mais pessoas emigraram à procura de uma «qualidade de vida que já não acreditam ser possível na Síria».

«As peças de roupa são caríssimas, e chegam a custar um quarto ou mesmo metade do ordenado mensal. O custo de uma só peça de roupa para uma família de quatro ou cinco pessoas é enorme, para não falar que a carne é quase inacessível e é tudo racionado – o gás, tudo o que é energia, a gasolina, o pão, o açúcar, o arroz», exemplifica a religiosa.

O secretariado português da AIS lembra que o núncio apostólico na Síria, cardeal Mario Zenari, afirmou recentemente que 90 % da população vive abaixo do limiar da pobreza.

Desde 2011, quase 5,6 milhões de habitantes fugiram para outras partes do mundo, enquanto 6,6 milhões de sírios estão deslocados no seu próprio país, segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), divulgados em 2021.

A irmã Maria Lúcia Ferreira, que pertence à Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia e vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na vila de Qara, perto do Líbano, conta que, nessa região, a «guerra está mais ou menos calma», ao contrário do sul da Síria, e da zona norte e nordeste do país.