Francisco condena exploração dos migrantes

Francisco condena exploração dos migrantes

30/11/2021

Migrantes fazem fila para embarcar no autocarro, no município de Huixtla, estado de Chiapas, México, no passado dia 27 de novembro de 2021. Os integrantes de uma das três caravanas de migrantes, que tinha deixado a cidade de Tapachula (sudeste do estado de Chiapas) no dia anterior, entregaram-se aos agentes do Instituto Nacional de Migração (INM) do México (Foto: Lusa)

O Papa Francisco condenou numa mensagem divulgada hoje, dia 30 de Novembro, a exploração dos migrantes no mundo de hoje. «É deplorável usar os migrantes como mercadoria e vítimas de rivalidades políticas», menciona o papa. «É ainda mais lamentável que os migrantes sejam cada vez mais usados como moeda de troca, como peões no tabuleiro de xadrez, vítimas de rivalidades políticas», refere Francisco, numa mensagem divulgada pelo Vaticano, assinalando os 70 anos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Francisco sublinha que «esta tendência foi especialmente evidente durante os confinamentos da covid-19, quando muitos dos trabalhadores ‘essenciais’ eram migrantes, mas não receberam os benefícios dos programas de assistência financeira nem acesso aos cuidados de saúde básicos ou vacinas contra a covid-19».

O texto do papa aponta o dedo à «falta básica de respeito humano nas fronteiras nacionais», sublinhando que esta situação «nos minimiza a todos em nossa humanidade».

«Para lá dos aspectos políticos e jurídicos das situações irregulares, nunca devemos perder de vista o rosto humano da migração e o facto de que, por cima das divisões geográficas de fronteiras, fazemos parte de uma única família humana», assegura.

«O debate sobre a migração não diz respeito realmente aos migrantes», enfatiza o papa. «Trata-se de todos nós, do passado, do presente e do futuro das nossas sociedades. Não devemos surpreender-nos com o número de migrantes, mas vê-los todos como pessoas, olhando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, tentando responder da melhor forma possível às suas situações pessoais e familiares únicas. Esta resposta requer muita sensibilidade humana, justiça e fraternidade», precisa Francisco.

O papa exorta a uma mudança de perspectiva sobre as migrações, marcadas por histórias de «desigualdades, desespero, degradação ambiental, mudanças climáticas, mas também de sonhos, coragem, estudo, reunificação familiar, novas oportunidades, segurança e trabalho pesado, mas digna.

Francisco assinala que é urgente levar em consideração os benefícios que os migrantes trazem para suas comunidades que os hospedam e «como as enriquecem», promovendo o «conhecimento recíproco, abertura mútua, respeito das leis e da cultura dos países anfitriões num verdadeiro espírito de encontro e enriquecimento recíproco».

O papa desafia a comunidade internacional a «enfrentar urgentemente as condições que dão origem à migração irregular», tornando a migração «uma escolha consciente e não uma necessidade desesperada».

A mensagem foi lida pelo cardeal Pietro Parolin, num vídeo enviado à OIM, principal organização intergovernamental no campo da migração, com sede em Genebra, Suíça.