Moçambique: apoiar os deslocados

Moçambique: apoiar os deslocados

17/11/2021

Deslocados em Cabo Delgado, Moçambique. Os bispos afirmam que um dos «grandes desafios do momento presente continua a ser a assistência humanitária às populações vítimas de violência e deslocadas. Há muita gente passando fome, sede, portanto, sem o mínimo de recursos para a sobrevivência». (Foto: Lusa)

Os bispos católicos de Moçambique divulgaram no passado domingo, 14 de Novembro, no final da II Sessão Plenária, um comunicado «às Comunidades Cristãs e às pessoas de boa vontade», em que expressam as suas reflexões sobre a actual situação no país.  

Os prelados lembram a que «a situação da segurança em Moçambique, e em especial em Cabo Delgado e no Centro do país, constitui um dos focos das nossas preocupações e reflexões. É uma realidade amplamente partilhada nos meios de comunicação e nas redes sociais, embora nem sempre de forma objectiva e ética».

Cabo Delgado, província rica em gás natural, é aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados por membros do autoproclamado Estado Islâmico. A ofensiva das tropas moçambicanas nessa região do Norte de Moçambique ganhou vigor no passado mês de Julho, com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Por isso, os bispos dizem que «a presença das forças estrangeiras, ruandesas e da SDAC, faz esperar a melhoria da situação de segurança. Com efeito, há notícias de progresso na recuperação do espaço que estava nas mãos dos insurgentes, o que contribui para uma segurança relativa. Algumas pessoas regressam às próprias aldeias. Renovamos a nossa solidariedade para com a multidão de pessoas que ainda permanece nos campos de reassentamentos».

Todavia, sublinham os bispos, «um dos grandes desafios do momento presente continua a ser a assistência humanitária às populações vítimas de violência e deslocadas. Há muita gente passando fome, sede, portanto, sem o mínimo de recursos para a sobrevivência». E outra prioridade «é a urgência de organizar e investir no trabalho de reconstrução de infra-estruturas condignas e habitações para as populações que voltam para as próprias aldeias».

Os bispos de Moçambique apontam, ainda, entre os desafios a reflexão sobre o presente e futuro da juventude que necessita de «oportunidades para realizar os seus sonhos de vida».

Mencionam, no âmbito eclesial, os reptos do caminho da sinodalidade na Igreja moçambicana e da educação católica. «No intuito e no esforço de responder à necessidade urgente de trabalhar para fortalecermos a nossa comunhão e constituirmos uma única voz no exercício da missão de evangelizar educando, foi apresentado o documento: “Centros de Educação Católica. Caminhando juntos”, preparado num itinerário de dois anos pelo Secretariado de Educação com a colaboração de uma equipa de educadores católicos seleccionados e em diálogo com as Comissões Diocesanas de Educação», afirmam os responsáveis católicos.