Perante o clima de tensão e confronto que tem vindo a aumentar nas últimas semanas, os bispos cubanos expressam algumas «considerações que brotam dos nossos corações como cubanos e pastores do Povo de Deus». Na sua mensagem no final da assembleia plenária da Conferência Episcopal Cubana, que se realizou de 8 a 11 de Novembro, os bispos afirmam: «Cada pessoa merece estima e reconhecimento da sua dignidade, como ser humano e filho de Deus, como cidadão livre, sujeito a direitos e deveres. Consequentemente, todos os cubanos devem poder expressar e partilhar livremente e com respeito as suas opiniões, pensamentos e convicções pessoais, mesmo quando discordam da maioria».

Portanto, consideram que «qualquer acto de violência entre nós, seja ele físico, verbal ou psicológico, fere gravemente a alma da nação cubana e contribui ainda mais para a dor, sofrimento e tristeza das nossas famílias». Um futuro de esperança não pode ser construído desta forma, e além disso, «a violência contradiz a vontade de Deus».

Na sua mensagem os prelados assinalam, igualmente, que «o envolvimento de cubanos num projecto nacional que envolve e motiva todos, que tem em conta as diferenças, sem exclusão ou marginalização, é cada vez mais urgente». Além disso, consideram necessário «estabelecer mecanismos onde, sem medo de intimidações e represálias, todos possam ser ouvidos e onde a insatisfação com as duras realidades quotidianas que sobrecarregam tantos, especialmente os mais empobrecidos e vulneráveis, possa ser canalizada». Assim, insistem: «É essencial promover as mudanças necessárias, há tanto tempo desejadas, que favoreçam uma vida digna e feliz para todas as crianças, aqui, nesta nossa terra».

Finalmente, pedem um gesto de indulgência para aqueles que ainda estão detidos pelos acontecimentos do Verão passado e exortam todos a não pouparem esforços «para abrir o caminho à compreensão, reconciliação e paz»; para que possam ser encontradas soluções para os problemas.

Entre os temas que os bispos discutiram com especial interesse, para além da análise da situação social, contam-se o processo sinodal nas dioceses, a possível renovação e/ou actualização da estrutura do Departamento de Coordenação Pastoral, a participação da Igreja cubana na Assembleia Eclesial Continental, o estado actual do Ecumenismo em Cuba e um primeiro projecto do anteprojecto do Código de Famílias.