Construir juntos a paz

Construir juntos a paz

08/10/2021

O Papa Francisco (centro) com o Patriarca Bartolomeu (esq.) e o grande imã da Universidade de Al Azar (Cairo), Al Tayyeb (dir.), durante a cerimónia final do encontro inter-religioso (Foto: © Lusa)

O Papa Francisco e outros líderes religiosos e políticos participaram em Roma no encontro internacional “Povos Irmãos, Terra Futura. Religiões e Culturas em Diálogo", promovido pela comunidade católica de Santo Egídio. Houve participantes de 40 países, com fóruns dedicados ao diálogo, à paz, ao ambiente e às gerações mais jovens.

No dia 7 de Outubro, os responsáveis religiosos assinaram no Coliseu de Roma um apelo conjunto pela paz, rejeitando qualquer forma de violência ou o fundamentalismo em nome dos seus credos.

«As religiões podem encontrar a paz e educar para ela. As religiões não podem ser usadas para a guerra. Só a paz é sagrada e ninguém deve usar o nome de Deus para abençoar o terror e a violência», refere o texto, lido por uma jovem refugiada do Afeganistão. O apelo evoca as «guerras abertas, ameaças terroristas e violência grave» que afectam o planeta, marcado ainda pelas crises dos refugiados e do ambiente, «demasiadas mulheres ofendidas e humilhadas, crianças sem infância, idosos abandonados».

«Os pobres, muitas vezes invisíveis, hoje participam de maneira especial no nosso encontro: são os primeiros a invocar a paz. Ouvi-los faz-nos entender melhor a loucura de cada conflito e violência. O futuro do mundo depende disto: que nos reconheçamos como irmãos. Os povos têm um destino fraterno na terra», menciona o documento.

O apelo defende, ainda, um processo de desarmamento que trave o comércio de armas e elimine a ameaça nuclear que pende sobre a humanidade. O documento pede que se respeite o planeta, a natureza e as criaturas. E, todavia, alerta para o impacto da pandemia de covid-19, realçando as consequências de uma sociedade «do desperdício e da exploração, que vive para si e ignora o outro».

«Que Deus nos ajude a reconstruir a família humana comum e a respeitar a Mãe Terra. Em frente ao Coliseu, símbolo de grandeza, mas também de sofrimento, reafirmamos com a força da fé que o nome de Deus é a paz», conclui o apelo conjunto.

O encontro encerrou com um momento de oração pela paz. O Papa Francisco fez um discurso reiterando a importância das religiões na promoção da paz. «A oração é aquela força humilde que dá paz e desarma os corações do ódio, disse.

Francisco sublinhou, igualmente, que ainda hoje se assiste à violência e à guerra e lembrou: «O sofrimento dos outros não nos faz apressar o passo; nem sequer o dos mortos, dos migrantes, das crianças reféns das guerras, privadas duma infância despreocupada a brincar. Mas não se pode brincar com a vida dos povos e das crianças. Não se pode ficar indiferente. Pelo contrário, é preciso criar empatia e reconhecer a humanidade comum a que pertencemos».

O papa denunciou ainda uma cultura que transformou o sofrimento em entretenimento e a guerra num «jogo com a vida humana», apelando ao fim da mentalidade militarista. «Menos armas e mais comida, menos hipocrisia e mais transparência, mais vacinas distribuídas equitativamente e menos armas vendidas imprudentemente», disse.

Francisco desafiou os líderes religiosos a ser «voz dos quem não têm voz, apoio dos atribulados, defensores dos oprimidos, das vítimas do ódio». «Com palavras claras, encorajemos a isto: depor as armas, reduzir as despesas militares para prover às carências humanitárias, converter os instrumentos de morte em instrumentos de vida», pediu o papa.

(Com informação de Vatican News e Ecslesia)