Conflitos na Amazónia

Conflitos na Amazónia

22/09/2021

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira durante a apresentação Caderno de Conflitos na Amazônia (Foto: Luis Miguel Modino)

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Brasil, como todos os anos, publicou o Caderno de Conflitos na Amazónia.  Foi apresentado no dia 20 de Setembro, de modo presencial, mas com transmissão online, no Seminário São José da arquidiocese de Manaus, centrando-se na realidade da Amazónia.

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, presidente da CPT, disse que este tipo de violência fica escondida, não sendo divulgadas pela grande imprensa, inclusive aquela de inspiração católica. O bispo da Prelazia de Itacoatiara lembrou, igualmente, que os dados recolhidos no Caderno de Conflitos são importantes e são fonte para a investigação de muitos estudiosos.

Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, destacou na apresentação que o Caderno de Conflitos é “uma maneira de guardar a memória do conflito, das mortes, mas também trazer sempre de novo a verdade do que acontece no campo”. Segundo o prelado, “o que acontece por trás das mortes e dos conflitos, existem sempre interesses, que não são interesses justos, são interesses apenas econômicos e que vão lançando as pessoas numa situação cada vez mais difícil”.

Dom Leonardo lembrou que “a CPT tem sido uma presença pacificadora, mas também uma presença denunciadora, uma presença profética, uma presença do direito que as pessoas têm, e o direito de ter uma vida digna”. O arcebispo fez um chamado a que se possa “sempre caminhar, com coragem e esperança, sem desanimar demais”. E sublinhou que “a pesar do conflito ter crescido muito, e estarmos em uma situação política difícil, não podemos perder a esperança”.

Na apresentação do caderno destacou-se que os conflitos no campo no Brasil em 2020 estão centrados na Amazónia (62,4% do total) e tem como principais vítimas os povos indígenas (42 %).

A Amazónia é uma região com grande quantidade de terra em disputa, segundo relatou Zezinho Iborra, da Articulação da CPT na Amazónia. Os indígenas e as comunidades tradicionais são os mais atingidos por esses projectos, consequência do avanço da fronteira agrícola. Quem provoca mais conflitos é o Governo Federal, os fazendeiros e os grileiros.