África do Sul: líderes religiosos apelam à paz

África do Sul: líderes religiosos apelam à paz

15/07/2021

A África do Sul vive uma onda de violentos tumultos e pilhagens desde o dia 9 de Julho, inicialmente como protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma por desrespeito ao Tribunal Constitucional, ao recusar-se a testemunhar por corrupção (Foto: Lusa)

Os líderes das Igrejas cristãs de KwaZulu Natal, uma província costeira da África do Sul, apelaram à paz e ao fim da violência, através de um comunicado publicado no site da Conferência dos bispos católicos da África do Sul, após uma reunião virtual de emergência das Igrejas para avaliar a actual situação de violência e agitação em várias partes da província e do país.

«Condenamos nos termos mais veementes possíveis os actos de incêndio de empresas, bem como a de assentamentos informais, a tensão racial típica onde africanos negros são atacados, as ameaças de ataque a estrangeiros ou ataques xenófobos e, com maior veemência as ameaças de lançamento de violência inter-racial», pode ler-se no texto publicado no passado dia 14 de Julho.

Os responsáveis religiosos assinalaram uma séria preocupação sobre a violência, os saques e danos sobre a propriedade com um impacto «directo nos negócios, nos meios de subsistência e no acesso aos alimentos».

«Condenamos, nos termos mais fortes possíveis, a violência que tem causado estragos em nossa província: destruindo propriedades, infra-estrutura e negócios, intimidando pessoas inocentes e causando medo e ansiedade generalizados. Afirmamos que isso é totalmente inaceitável e não pode, em hipótese alguma, ser tolerado», refere o cardeal Wilfrid Napier, arcebispo de Durban.

Os líderes das comunidades cristãs, reconhecendo «diferentes pontos de vista e opiniões sobre as questões sociopolíticas da época», pedem o diálogo e «intervenções práticas» das partes envolvidas, em detrimento da violência.

A desigualdade histórica pede atitudes urgentes, para reduzir «o abismo gritante e imoral entre os ricos e as pessoas marginalizadas», afirmam.

«Instamos os nossos líderes políticos, sociais e comunitários a apelar e se posicionar pela paz e tranquilidade, para que as questões do dia possam ser abordadas com a participação de líderes de todos os sectores da sociedade», disse o cardeal Napier.

O grupo de religiosos destacou o papel fundamental que a Igreja tem na oferta de cuidado pastoral, acompanhamento e construção da paz e exortou os líderes religiosos a serem visíveis na oferta de apoio onde for necessário.

Os responsáveis religiosos apelam ainda à solidariedade para ajudar os mais atingidos pela crise alimentar, nomeadamente, a doação de alimentos, e pedem também disponibilidade para formar monitores de paz.