Brasil: defender a Casa Comum

Brasil: defender a Casa Comum

20/05/2021

A Comissão Episcopal Especial para a Amazónia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Rede Eclesial Pan-Amazónica (REPAM-Brasil) divulgaram a carta aprovada pelos bispos da Amazônia, presbíteros e diáconos, religiosos e religiosas, cristãos leigos e leigas, que reunidos, de modo on-line, entre os dias 18 e 19 de Maio, se dirigirem ao povo brasileiro diante às ameaças a toda casa comum e, especialmente, ao bioma amazónico.

No texto da carta os participantes afirmam que se sentem «sensibilizados pela situação de vulnerabilidade e ameaças que sofre toda casa comum, agravada pela pandemia da covid-19, e pelo acirramento das disputas territoriais com expansão das actividades minerais e do agronegócio em terras de populações tradicionais». A consequência desse cenário de morte, sublinham, «tem sido as inúmeras e incontáveis vítimas da pandemia. Chegamos aos quase 440.000 mortos, além dos que sucumbiram diante de processos de violência no campo e na cidade».

Na mensagem, os bispos ressaltam que o cenário político indigenista vivido no Brasil é de «retrocesso, com o agravamento das violações dos direitos destes povos, principalmente no que se refere à regularização dos seus territórios». E frisam que a «crise socioambiental, denunciada em 2019 durante o Sínodo, acentuou-se durante a pandemia».

Os membros da comissão afirmam, ainda, que a Igreja na Amazónia já tem um caminho e está comprometida com os pobres e os povos indígenas, mas está sempre chamada a um processo de conversão pastoral, pois «desde a Conferência de Aparecida (2007), nos interpela, a conversão integral, desde o Sínodo da Amazônia, nos inquieta. Somos sabedores dos desafios de manter a unidade em tempos de conflitos, do nosso papel mediador».

Reafirmam-se, igualmente, os compromissos assumidos: prosseguir e avançar em nossa pauta pastoral as reflexões e indicações ousadas do Sínodo em torno dos ministérios e da formação inculturada dos nossos agentes; elaborar um plano estratégico com directrizes pastorais, que encarne o sonho social, ecológico, cultural e eclesial para a Pan Amazônia; incentivar a questão da segurança alimentar como estratégia de cuidado pela vida; reafirmar o envolvimento efectivo com o Pacto pela Vida e pelo Brasil, unindo-nos ao “coro dos lúcidos” fazendo nossas as suas pautas: a vacina para todos, a defesa do SUS, o auxílio emergencial digno, pelo tempo que se fizer necessário e a investigação da responsabilidade pela má gestão do sistema de saúde em meio à pandemia do coronavírus.