Burquina Faso: acolher deslocados

Burquina Faso: acolher deslocados

11/05/2021

Desde 2015, a República do Burquina Faso atravessa uma crise de segurança sem precedentes, devido aos ataques cada vez mais recorrentes de grupos armados não identificados, muitas vezes milícias jiadistas, que se espalharam por diferentes regiões do país africano, especialmente as do Sahel, Norte, Centro e Leste. Estes ataques, bem como as operações contra grupos armados, têm originado deslocações internas maciças da população. De acordo com o último relatório do Alto Comissariado para os Refugiados, 5% da população total da República do Burquina Faso (mais de um milhão de pessoas) está deslocada.

A paróquia de Bourzanga decidiu, então, acolher os deslocados internos nas suas instalações, como explica o padre Bertrand Sawadogo, o pároco, à Agência Fides: «A situação das pessoas deslocadas internamente na paróquia de Bourzanga é de emergência absoluta. Como resultado dos ataques das milícias que começaram em 2015, houve um grande deslocamento de pessoas. Os ataques começaram em Ouaga, na fronteira com o Mali, e espalharam-se para a nossa paróquia, onde algumas aldeias do nosso território foram atacadas. Alguns cristãos foram mortos simplesmente porque são cristãos. Isto causou o medo e a fuga da população. No início, os cristãos deixaram o lugar e nós os acolhemos na paróquia. Mais tarde, os muçulmanos também se juntaram. A paróquia acolheu a todas as pessoas e nos nossos nove hectares de terreno, em dois meses, acolhemos mais de 36 mil pessoas.»

E o sacerdote explica que acolheram as pessoas nos «quartos disponíveis, nos centros de acolhimento, no alojamento que as irmãs tinham deixado e também ao ar livre, às vezes debaixo das árvores». Afirma que pediu ajuda às autoridades locais, de modo que as escolas e espaços públicos também acolhessem essas pessoas. «Entre os refugiados, muitos chegaram sem nada» diz. Depois, conta o padre Bertrand Sawadogo, chegou a ajuda alimentar da Cáritas Diocesana e chegaram também outras ONG para ajudar no acolhimento dos deslocados.

«Continuamos a receber pessoas deslocadas regularmente», prossegue o pároco. «Todos os dias, entre 40 a 100 pessoas vêm pedir ajuda. Neste momento não temos mais nada, mas continuamos a tentar ouvi-los, aconselhá-los, guiá-los para encontrar conforto e uma possível solução para o seu sofrimento.»

Fugindo da violência nas suas localidades, muitos burquinenses procuram refúgio em lugares considerados pacíficos. Perante o afluxo maciço de pessoas deslocadas, o pároco recorda novamente as necessidades prementes de segurança alimentar e cuidados de saúde para os que já estão presentes e para os recém-chegados. A situação dos deslocados é precária: vivem em abrigos feitos de telas, que se aquecem muito com o calor elevado e se deterioram rapidamente. As crianças tiveram que abandonar a escola. A Diocese de Ouahigouya, através da Cáritas Diocesana e das suas organizações associadas, está a tentar resolver esta questão para aliviar algumas das dificuldades.

(Com informação da Agência Fides)