Colômbia: onda de protestos

Colômbia: onda de protestos

07/05/2021

Manifestantes na cidade de Medellín, Colômbia (Foto: Lusa)

A Colômbia vive uma onde de protestos que começaram com a greve nacional na última sexta-feira contra o projecto de reforma fiscal do Presidente Iván Duque. Esta semana, os colombianos protestaram contra a imposição da reforma tributária que previa o alargamento de impostos e maiores deduções para a classe média (para todos os quem ganhasse acima dos 656 dólares). Num país muito desigual, as manifestações, que degeneraram em confrontos envolvendo manifestantes e polícias, causaram a morte de dezenas de pessoas e centenas de feridos.

Depois da onda contestação nas ruas, numa declaração televisiva, Iván Duque decidiu dar marcha atrás na proposta de reforma fiscal.

Nesse contexto, por meio de um comunicado, os bispos do país andino expressam a sua dor da Igreja pelos mortos, feridos e enfermos que não puderam contar com assistência médica por causa paralisação e lembram que embora os protestos representem um direito, «eles devem ser exercidos no respeito dos direitos humanos».

Na mensagem, os prelados reiteram que «a violência, o vandalismo, agressão, abuso de força e caos social não resolvem nada, porque só trazem sofrimento e morte, especialmente aos mais pobres, além de deslegitimar e tornar questionável qualquer protesto social». Os bispos pedem para acabar com os actos de violência e morte: «É hora de empreender juntos a tarefa de gerar um modelo de desenvolvimento humano integral». E exortam a seguir o convite do Papa Francisco para abrir os canais do diálogo social: «Insistimos na necessidade imperativa de avançar em direcção à reconciliação nacional e à paz, com a participação e os esforços de todos os cidadãos, sem perder de vista o fato de que é um caminho árduo que requer coragem e perseverança».

A Colômbia viveu um intenso conflito armado por mais de cinco décadas. Em 2016, com a assinatura do Acordo de Paz entre as FARC e o Governo de Manuel Santos, esperava-se uma nova etapa na vida do país. No entanto, as divergentes facções envolvidas no conflito, a economia de guerra e a violência directa e estrutural permanecem, assim como as violações dos direitos humanos. Nos últimos cinco anos, houve 753 assassinatos de líderes sociais; só em 2020, verificaram-se 66 massacres, correspondentes a 255 assassinatos, nomeadamente contra defensores ambientais e de direitos humanos, pessoas indígenas e afrodescendentes.