Destruição da floresta tropical aumenta

Destruição da floresta tropical aumenta

31/03/2021

A área de florestas tropicais destruídas em 2020 é equivalente ao território da Holanda, um aumento de 12% em relação ao ano anterior, indica o relatório da Global Forest Watch, divulgado hoje, 31 de Março de 2021.  

De acordo com a organização não-governamental, 4,2 milhões de hectares de ecossistemas fundamentais para o planeta desapareceram na sequência de incêndios ou foram abatidos por acção humana.

Esta destruição deve-se principalmente à agricultura, mas também aos incêndios causados por ondas de calor e secas em países como o Brasil, Austrália e Sibéria. As conclusões da Global Forest Watch têm como base imagens captadas por satélites e indicam que o Brasil é o país mais afectado pela desflorestação tropical.

Estas perdas são «uma emergência climática, uma crise de biodiversidade, uma catástrofe humanitária e oportunidades económicas perdidas», disse Frances Seymour, do Instituto de Recursos Mundiais que coordenou o relatório.

A organização não-governamental sublinha que a área destruída aumentou «apesar da crise sanitária» provocada pela covid-19. De acordo com os investigadores, a pandemia pode ter tido alguns impactos negativos, com árvores abatidas ilegalmente, por exemplo, em florestas desprotegidas, ou o afluxo maciço de pessoas para as áreas rurais.

Além disso, os dados de 2020 mostram que as próprias florestas foram vítimas das alterações climáticas, sublinhou Frances Seymour em conferência de imprensa. «As zonas húmidas estão a arder. A natureza sussurrou-nos durante algum tempo que a ameaça estava a chegar. Agora está a gritar», insistiu. 

«Quanto mais esperarmos para parar a desflorestação, (...) quanto mais os nossos tanques de carbono naturais correm o risco de explodir», alertou Frances Seymour.

Os ecossistemas florestais cobrem mais de 30% da superfície terrestre, e as florestas tropicais abrigam entre 50 e 90% das espécies terrestres. Os cerca de 4 milhões de hectares de florestas tropicais destruídos em 2020 correspondem a 2,64 gigatons de emissões de CO2, o equivalente às emissões anuais de 570 milhões de carros, mais do dobro dos que estão em circulação nos Estados Unidos.