Via-sacra africana

Via-sacra africana

11/03/2021

A fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) publicou uma Via-Sacra com textos de D. Jesús Ruiz Molina, missionário comboniano, nomeado no dia 10 de Março bispo de Mbaïki, na República Centro-Africana, na qual denuncia que «vale pouco a vida em África».

Numa nota enviada à redacção da revista Além-Mar, a AIS informa que o bispo da República Centro-Africana escreve sobre um continente «escravizado pela ganância, violentado pelo terrorismo, mergulhado tantas vezes numa pobreza quase obscena», alertando para uma «realidade brutal que atinge milhões de pessoas».

D. Jesús Ruiz fala essencialmente de países da África subsariana – Nigéria, Mali, Burkina Faso, Níger, Chade, Camarões, Moçambique, República Democrática do Congo, República Centro-Africana – e descreve um verdadeiro pesadelo que é o dia-a-dia de milhões de pessoas. Todos, no seu sofrimento, fazem-lhe lembrar a paixão de Jesus. E D. Ruiz Molina faz uma pergunta arrepiante: «Há vida antes da morte?»

No texto, o bispo comboniano refere que no país onde vive, a República Centro-Africana, a esperança média de vida da população «é de uns escassos 50 anos. Morre-se antes do tempo e vive-se tão precariamente que muitas vezes me pergunto: será que há vida antes da morte? Como vale pouco a vida em África…». E o bispo assinala o drama da fome, do sofrimento das mulheres que se «tornaram o alvo da brutalidade dos homens armados sem piedade» ou da realidade das crianças-soldado.

A fundação pontifícia propõe aos portugueses, para oração na Quaresma, os 14 textos onde o bispo de Mbaïki procura retratar uma realidade que, muitas vezes, parece longínqua ou desconhecida, e escreve «em nome de todo o continente», dos sem voz, dos excluídos, dos mais pobres.

A Ajuda à Igreja que Sofre informa que as receitas da venda do livro com as meditações vão reverter na totalidade para «projectos de apoio a milhares de cristãos neste continente», vítimas de perseguição e intolerância religiosa e que «dependem totalmente da Igreja».