Tensão em Myanmar

Tensão em Myanmar

11/02/2021

Apesar da violência das forças de segurança, enormes multidões participaram em marchas en Myanmar (Foto: Lusa)

A Conferência Episcopal de Myanmar (CBCM) manifesta-se profundamente preocupada com a imposição do estado de emergência por um ano após a tomada do poder pelos militares no passado 1º de Fevereiro. Os prelados pedem aos cristãos para «rezar e jejuar para que a paz, a justiça e o desenvolvimento prevaleçam no país». 

Numa declaração divulgada no portal UCA News, os bispos exortam os militares a agirem de modo pacífico e a libertar imediatamente a dirigente Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz de 1991, e outros responsáveis políticos detidos.

Nestes dias, têm-se intensificado os protestos contra o golpe de Estado, que afastou o governo liderado pela Liga Nacional para a Democracia de Suu Kyi.

No dia 9 de Fevereiro, milhares de pessoas saíram às ruas em Naypyidaw, Yangun, Mandalay e outras cidades, desafiando a proibição de grandes aglomerações. Em Naypyidaw, a capital birmanesa, a polícia usou canhões de água, gás lacrimogéneo e munições reais contra os manifestantes.

As Nações Unidas condenaram o uso da força excessiva pela polícia e as forças de segurança birmanesas e afirmaram o direito das pessoas de se reunirem pacificamente e expressarem livremente suas opiniões. «‘Seguir ordens’ não é defesa para cometer atrocidades, independentemente do seu lugar na cadeia de comando», disse o relator especial da ONU para os Direitos Humanos em Myanmar, Thomas Andrews. O responsável disse também que houve «centenas de detenções arbitrárias» no país desde o golpe de dia 1 de Fevereiro.

O Papa Francisco também manifestou a sua manifestou sua grande preocupação com os desdobramentos da situação que se veio a criar em Myanmar. No final do Ângelus do passado domingo, 7 de Fevereiro, o Santo Padre disse: «Neste momento tão delicado quero assegurar mais uma vez a minha proximidade espiritual, a minha oração e a minha solidariedade com o povo de Myanmar. E rezo para que todos aqueles que têm responsabilidades no país se coloquem com sincera disponibilidade a serviço do bem comum, promovendo a justiça social e a estabilidade nacional, para uma harmoniosa convivência democrática. Rezemos por Mianmar».

As Forças Armadas de Myanmar (antiga Birmânia) afirmam que houve fraude eleitoral e suspenderam a governação civil do país asiático, uma década depois do fim da ditadura militar.