Barragem no Nilo

Barragem no Nilo

07/01/2021

A grande barragem do Renascimento (Gerd) construída no Nilo Azul por Adis Abeba retorna ao centro das negociações entre a Etiópia, Egipto e Sudão. Interrompido há meses, o diálogo foi retomado no passado dia 3 de Janeiro, com uma reunião em videoconferência na presença de autoridades da África do Sul, país que detém a presidência rotativa da União Africana.

Cairo e Cartum, que temem por seu próprio abastecimento de água, querem um acordo juridicamente vinculativo, especialmente sobre gestão de barragens e enchimento de reservatórios. Outras discussões bilaterais entre os países continuaram ao longo dessa semana, de acordo com um comunicado do Ministério Sudanês de Irrigação e Água, reunindo também especialistas e observadores, em vista de uma nova cúpula que está prevista para se realizar no próximo 10 de Janeiro.

O projecto da barragem, o maior hidroeléctrica da África, com 6000 megawatts de potência instaladaé contestado pelo Sudão e pelo Egipto, que temem uma forte redução do vazamento da água do Nilo em seus territórios. A Etiópia, no entanto, considera a grande barragem essencial para a produção de electricidade e garante que não haverá variações significativas no fluxo do Nilo, do qual o Azul é afluente.

O analista Marco di Liddo, do Centro de Estudos Internacionais explica, em declarações ao Vatica News, que o problema diz respeito aos níveis e aos tempos de enchimento da barragem: «Os países do vale, Sudão e Egipto, pedem que a barragem não se encha totalmente e que o enchimento seja feito de forma gradual para não comprometer o abastecimento hídrico e fluvial à jusante. Os etíopes negam que possa haver tais problemas e desejam encher a barragem rapidamente ao nível mais alto possível para avançar com seus projectos nacionais de irrigação e produção hidroeléctrica”.

Com seus 6 mil quilómetros, o Nilo representa uma fonte essencial de água e electricidade não só para a Etiópia, Egipto e Sudão. Na verdade, são doze países que dependem de suas águas.