Cultura do cuidado

Cultura do cuidado

30/12/2020

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) afirma na recente nota “A Cultura do Cuidado e a Paz”, a propósito da mensagem do Papa Francisco para o dia Mundial da Paz de 2021, que vê «com tristeza Portugal atingido por ventos de racismo e xenofobia».

«Depois de os serviços oficiais de apoio a imigrantes terem recebido em anos passados elogios no plano internacional, foi com grande indignação que soubemos do bárbaro assassinato de um cidadão estrangeiro no aeroporto de Lisboa a quem havia sido negada a entrada em território português», lê-se na mensagem.

O Papa Francisco escolheu o tema “a cultura do cuidado como percurso de paz” para a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2021 (1 de janeiro) e a CNJP contextualiza que essa cultura «é contraposta à “cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer”».

«A cultura do cuidado é o centro desta mensagem. Não é alheia a este foco na cultura do cuidado a experiência que se tem vivido por todo o mundo na sequência da pandemia da covid-19. Essa experiência tem revelado a importância do cuidado para com os doentes atingidos por essa doença e para com as pessoas que mais riscos correm de a contrair de modo fatal, como os idosos», explica o texto.

O organismo laical da Igreja Católica em Portugal lembra que «abordou a questão do lugar dos mais velhos na sociedade portuguesa» ao longo deste ano «e da importância das profissões dedicadas ao seu cuidado».

A nota refere que o papa na sua mensagem aponta uma bússola para um rumo comum do processo de globalização que é «inspirada na cultura do cuidado e que assenta em quatro princípios basilares da doutrina social da Igreja: A promoção da dignidade de toda a pessoa humana, a solidariedade com os pobres e indefesos, a solicitude pelo bem comum e a salvaguarda da criação.»

Na nota “A Cultura do Cuidado e a Paz”, a Comissão Nacional Justiça e Paz também expressa preocupação com as guerras e os conflitos, nomeadamente em Moçambique, pois não se pode «ignorar a situação da região de Cabo Delgado, com as suas centenas de milhar de vítimas, a quem o mundo ainda não prestou a devida atenção”.