Perseguição religiosa no Paquistão

Perseguição religiosa no Paquistão

09/12/2020

Celebração da missa na igreja católica de São João em Lahore. (Foto: Aid to the Church in Need/Magdalena Wolnik).

No Paquistão, depois da libertação da menina cristã de 12 anos, obrigada a casar contra sua vontade, discute-se o problema das conversões forçadas. Está prevista uma mobilização para o dia 10 de Dezembro.

Farah Shaheen, de 12 anos, foi libertada na semana passada pela polícia de Faisalabad e confiada, por um tribunal, a uma casa de acolhida. A adolescente cristã – relata a agência Ucanews – foi encontrado acorrentada em uma sala com ferimentos nos tornozelos e pés. Ela foi sequestrada em Junho passado e forçada a casar com Khizer Hayat, um muçulmano de 45 anos. A jovem está em estado de choque e ainda não conseguiu contar o horror que experimentou nos últimos meses.

Farah é uma das vítimas de conversão e casamento forçado com um muçulmano, prática vigente no Paquistão, cada vez mais usada pelos islâmicos como uma ferramenta de perseguição contra as minorias religiosas.

O fenómeno voltou com força aos noticiários nas últimas semanas após o caso de Arzoo Masih, a cristã de 13 anos sequestrada em Outubro passado e forçada a se casar com um muçulmano e posteriormente "libertada" por ordem de um tribunal também graças aos protestos das Igrejas cristãs. Há algum tempo, as Igrejas pedem uma lei específica que torne os autores desses crimes processáveis, que na maioria dos casos permanecem impunes devido à cumplicidade das autoridades policiais e judiciais.

Após a libertação de Farah, os cristãos, que na última semana receberam garantias de que o Governo investigará as conversões forçadas, estão a fazer com que suas vozes sejam ouvidas novamente. No dia 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, foi convocado no Paquistão um evento especial – declarado "Dia obscuro para os Direitos Humanos" –, para protestar contra o aumento da violência e da discriminação contra todas as minorias religiosas (incluindo também os hindus e a comunidade Ahmadiyya).

Segundo a ONG Center for Social Justice (CSJ), entre 2013 e Novembro de 2020 os meios de comunicação noticiaram 162 conversões suspeitas, tendo 2019 registado o maior número de casos, 49. Mais de 46% das vítimas eram menores, com quase 33% com idades entre 11 e 15 anos. Mais de 54% das vítimas pertenciam à comunidade hindu, enquanto 44% eram cristãos.

Mas os casos noticiados pelos meios de comunicação social são apenas a ponta do iceberg, pois muitos não apresentam denúncias por medo de retaliação. As minorias cristãs no Paquistão não são vítimas apenas de conversões forçadas, mas também de outras violências e abusos relacionados com a polémica lei de blasfémia e discriminação em salários e contratações, bem como no acesso à assistência social.