Chile: Direito à água

Chile: Direito à água

04/11/2020

No Chile persiste a discussão sobre o direito do acesso à água e a gestão deste recurso fundamental. «A água é a fonte de toda a vida. Sem água não há vida», disse o Vigário Apostólico de Aysén, D. Luis Infanti de la Mora. «A água é um elemento essencial para a vida, não só para as pessoas, mas para todos os seres vivos. Em todas as religiões é também central. A água é sempre falada como um elemento simbólico vital, por isso na nova Constituição deve ter a importância que merece. Terá de assumir o sentido espiritual e humano que este bem tem», referiu o prelado na Rádio Santa Maria e citado pela agência Fides. O arcebispo Infanti salienta que nos últimos anos o problema se agravou.

Nesse sentido, o bispo fala da importância da inclusão dos direitos da água na nova Constituição, pois «em todo o mundo, a propriedade da água é propriedade do Estado e a gestão e distribuição é confiada a empresas privadas, comunidades, municípios ou público privado».

No entanto, 82% dos proprietários de água no Chile são empresas transnacionais. «O problema existe e continua! Esta Constituição do Chile, que concede a propriedade privada de água a quem tem o poder de a comprar, favoreceu a privatização da maioria dos direitos da água no nosso país por empresas transnacionais. Nem são chilenos», sublinhou D. Infanti.

Após a grande controvérsia sobre as barragens que se pretendia instalar em Aysén, o bispo afirma que «a partir daí foi feita uma tentativa de alteração da Constituição. Queriam alterar a lei do código da água, elaborada em 1981, e não houve progressos precisamente porque existem fortes pressões e interesses por parte das empresas florestais, mineiras e agrícolas; Grandes empresas do país, que estão a pressionar para que a situação actual não mude.»