Violência na RD do Congo

Violência na RD do Congo

02/11/2020

O padre José Arieira (à direita) assinala que na RDC continuam os ataques do grupos rebeldes

A República Democrática do Congo (RDC) é um país africano extenso, rico em minerais, mas que foi capturado há anos entre conflitos, pobreza e incumprimento dos direitos humanos. Desse país africano escreve-nos o padre José Arieira de Carvalho, missionário comboniano português. Na sua mensagem denuncia «a situação sociopolítica desastrosa» em que se encontra a RDC.

O missionário, que vive na RDC há mais de uma década, assinala que continuam os ataques dos «grupos rebeldes no nordeste do país e também noutros pontos», causando «pilhagens, mortes, pessoas que abandonam as suas aldeias e estradas principais que ligam províncias intransitáveis».

Na sexta-feira, 30 de Outubro, houve mais um ataque violento à aldeia de Lisasa, na região de Beni, província do Kivu Norte. A ofensiva perpetrada pelos rebeldes ugandeses das Forças Democráticas Aliadas (ADF) causou pelo menos 21 mortos, entre os quais o catequista Richard Kisusi e algumas pessoas terão sido sequestradas. Este ano, pelo menos 659 civis foram mortos em ataques atribuídos à ADF no Kivu do Norte segundo afirmou no Twitter a Kivu Security, um projecto conjunto de Human Rights Watch (HRW) e o Grupo de Estudos sobre el Congo.

Depois do incidente, o bispo de Butembo-Beni, D. Sikuli Paluku voltou a exortar as forças das Nações Unidas presentes na região para «protegerem a população civil» dos ataques dos grupos armados.

A maioria da população da República Democrática do Congo vive em situação de grande pobreza, apesar de o país ser rico em minerais, nomeadamente diamante, coltan, cobre e ouro. A extrema riqueza do subsolo faz com que certas regiões do país sejam palco de conflitos por parte de grupos armados que arrastam consigo ainda mais miséria e sofrimento para as populações.

Essa pobreza, somada ao sentimento de insegurança, provoca o desalento da população (84 milhões de habitantes, estimativa do Banco Mundial de 2018). Diz o padre Arieira que, efectivamente, na República Democrática do Congo reina o desânimo perante esta situação. «Todos os dias há promessas, mas as pessoas, na sua maioria, têm de imaginar como viver no seu dia-a-dia. […] Felizmente – sublinha – a pandemia do coronavírus não chegou, havendo apenas alguns casos isolados.»

Em relação à pandemia, desde 10 de Março, a RDC regista, nos números divulgados oficialmente, 11 306 casos de contaminados com o novo coronavírus e um total de 307 mortes.