RD Congo: 50 jovens morrem ao desabar mina de ouro

RD Congo: 50 jovens morrem ao desabar mina de ouro

18/09/2020

Há quem se pergunte porque é que uma pessoa deveria trabalhar por 3 euros a hora, ou colher tomates por um euro a caixa, ou como os jovens de Kamituga (Kivu, Congo Oriental) cavam minas artesanais com as mãos para encontrar ouro.

A resposta é simples: não têm outras possibilidades. E entre as opções disponíveis, há uma probabilidade (elevada) de perderem a vida, como aconteceu na sexta-feira, 11 de Setembro, a pelo menos 50 jovens, surpreendidos ao verem os túneis que escavavam nas proximidades do rio Elila serem inundados em consequência das fortes chuvas que caíam na região.

O governador da província lamentou «a trágica morte de cinquenta pessoas, na sua maioria jovens», acrescentando que estão em andamento buscas para identificar as vítimas. «Não sabemos o número exacto de falecidos», disse Alexandre Bundya, que convocou dois dias de luto nacional e instou a população a ir ao local da tragédia para ajudar na busca «e na retirada dos corpos dos túneis».

De acordo com algumas testemunhas, há apenas um sobrevivente. O transbordamento do rio introduziu água nos túneis de mineração, criando uma pressão de cima que impedia a saída dos escavadores.

Para o pastor Nicolas Kyalangalilwa, «as autoridades devem assumir suas responsabilidades, ao invés de pensar em como taxar os mineiros».

Os comerciantes locais revendem o ouro, produto da mão de obra mal paga dos mineiros artesanais, aos traficantes transfronteiriços, que por sua vez exportam ilegalmente esta produção principalmente para Bujumbura, Burundi ou Kampala, Uganda, onde é vendido a preços elevados para as monarquias do Golfo ou para a Europa.

De acordo com um relatório da ONU, o Dubai continua a ser o destino principal do ouro extraído por mineradores artesanais no país. (FF/LM - Agência Fides)