Barragem no Nilo: continuar o diálogo

Barragem no Nilo: continuar o diálogo

31/08/2020

Dom Yunan Tombe Trille Kuku, bispo de El Obeid e presidente da Conferência Episcopal Católica do Sudão (SCBC) afirmou que «o apelo do Papa Francisco ao diálogo entre Egipto, Etiópia e Sudão para que a disputa pela barragem não leve a um conflito» teve uma recepção positiva no Sudão e «estou firmemente convencido de que agora exista uma maior vontade política e diplomática para dialogar para encontrar soluções concretas em vez de recorrer à guerra».

O prelado sublinha em declarações ao portal Vatican News que o recente pronunciamento do papa sobre a milenar questão da distribuição das águas do Nilo, reacesa pela construção na Grande Barragem Renascentista Etíope. Um projecto contestado pelo Sudão e pelo Egipto, que temem uma forte redução da vazão da água do Nilo em seus territórios.

«Acompanho com particular atenção a situação das difíceis negociações sobre a questão do Nilo entre o Egipto, a Etiópia e o Sudão. Convido todas as partes a continuarem no caminho do diálogo, para que o Rio Eterno continue a ser uma linfa de vida que une e não divide, que alimente sempre a amizade, prosperidade, fraternidade e nunca a inimizade, incompreensão ou conflito. Que seja o diálogo, queridos irmãos do Egipto, da Etiópia e do Sudão, seja o diálogo vossa única opção, para o bem de vossas queridas populações e de todo o mundo», disse Francisco no Angelus da Assunção, no passado 15 de Agosto.

Dom Tombe afirma que a preocupação do papa os «tocou no Sudão e é vista como um grande encorajamento» e, na mesma linha, também faz um apelo aos líderes políticos dos três países, que reivindicam o direito de usar as águas do Nilo, para não comprometerem este diálogo. «Considerando que água é vida, as questões não devem ser politizadas. Declarações para fazer valer as próprias razões podem alimentar medos e enfraquecer as possibilidades de um diálogo autêntico», sublinha o prelado.