Pandemia pode gerar 100 milhões de novos pobres

Pandemia pode gerar 100 milhões de novos pobres

16/06/2020

A crise económica causada pela pandemia do Covid-19 pode empurrar até 100 milhões de pessoas para a pobreza extrema, tornando ineficazes os progressos dos últimos três anos na redução da pobreza, afirma a Diretora Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com Kristalina Georgieva, a crise económica “afeta não só os Estados ou as grandes corporações”, e pode ter “repercussões dramáticas sobre famílias e indivíduos”.

A diretoda do FMI receia que 100 milhões de pessoas em todo o mundo possam ser empurradas para a pobreza extrema e alerta que os líderes mundiais devem rever as políticas de recuperação económica e dar mais atenção aos pequenos meios de subsistência, bem como aos grandes planos de reestruturação industrial.

Segundo o economista italiano Leonardo Becchetti, diante do possível aumento da pobreza extrema, “é preciso reunir recursos económicos para os últimos”. “A Europa já está a fazer isso com o Fundo de Recuperação”, assinala Becchetti.

Para a representante do FMI serão necessárias reformas e investimentos para melhorar significativamente as perspectivas económicas dos mais fracos.

São necessários investimentos em saúde, melhoria da eficiência dos gastos públicos e fortalecimento das redes de assistência social”, refere Kristalina Georgieva.

Precisamente sobre este último aspecto, Becchetti destaca o papel fundamental das organizações do terceiro setor e das paróquias, que, estando no terreno, têm mais do que qualquer outro a possibilidade de perceber situações de pobreza e intervir com rapidez e eficácia.

Outro alerta preocupante foi lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e refere que a crise económica gerada pela pandemia pode levar à morte de 51 mil crianças menores de cinco anos no Médio Oriente e Norte de África até o final de 2020.

A sobrecarga do pessoal de saúde, os bloqueios fronteiriços, as restrições de movimento e barreiras económicas são os principais motivos apontados no alerta.