Estende a tua mão ao pobre

Estende a tua mão ao pobre

15/06/2020

«Estende a tua mão ao pobre» é o título da Mensagem do Papa para o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado no dia 15 de novembro de 2020.
Sobre a escolha do título, Francisco diz que “é encorajamento a assumir os pesos dos mais vulneráveis”, um “convite à responsabilidade, sob forma de empenho direto, de quem se sente parte do mesmo destino”.

Na sua mensagem, o Papa explica que para celebrar um culto agradável ao Senhor, “é preciso reconhecer que toda a pessoa, mesmo a mais indigente e desprezada, traz gravada em si mesma a imagem de Deus”. Por isso, o tempo que se deve dedicar à oração não pode tornar-se jamais um álibi para descuidar o próximo em dificuldade: “a bênção do Senhor desce sobre nós e a oração alcança o seu objetivo, quando são acompanhadas pelo serviço dos pobres”, afirma.

Francisco reconhece que “manter o olhar voltado para o pobre é difícil”, mas tão necessário para imprimir a justa direção à nossa vida pessoal e social.

Não se trata de gastar muitas palavras, mas antes de comprometer concretamente a vida, impelidos pela caridade divina”, refere.

De acordo com o Santo Padre, estender a mão leva a descobrir, antes de tudo a quem o faz, “que dentro de nós existe a capacidade de realizar gestos que dão sentido à vida”.

Em seguida, o Papa questiona: Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento? Como podemos ajudá-la na sua pobreza espiritual? A comunidade cristã é chamada a envolver-se nesta experiência de partilha e, para servir de apoio aos pobres, é fundamental viver pessoalmente a pobreza evangélica.

Não podemos sentir-nos tranquilos, quando um membro da família humana é relegado para a retaguarda, reduzindo-se a uma sombra. O clamor silencioso de tantos pobres deve encontrar o povo de Deus na vanguarda, sempre e em toda parte, para lhes dar voz, defendê-los e solidarizar-se com eles face a tanta hipocrisia e tantas promessas não cumpridas, e para os convidar a participar na vida da comunidade”, explica o Papa.

Francisco salienta que o título «Estende a mão ao pobre» faz ressaltar, por contraste, a atitude de quantos conservam as mãos nos bolsos e não se deixam comover pela pobreza, da qual frequentemente são cúmplices: “Com efeito, existem mãos estendidas para premer rapidamente o teclado dum computador e deslocar somas de dinheiro duma parte do mundo para outra, decretando a riqueza de restritas oligarquias e a miséria de multidões ou a falência de nações inteiras. Há mãos estendidas a acumular dinheiro com a venda de armas que outras mãos, incluindo mãos de crianças, utilizarão para semear morte e pobreza. Existem mãos estendidas que, na sombra, trocam doses de morte para se enriquecer e viver no luxo e num efémero desregramento. Existem mãos estendidas que às escondidas trocam favores ilegais para um lucro fácil e corrupto. E há também mãos estendidas que, numa hipócrita respeitabilidade, estabelecem leis que eles mesmos não observam”, escreve o Papa.